Mãe chegou a ser presa, mas acabou liberada após audiência de custódia. Criança de apenas um ano foi entregue ao Conselho Tutelar com sinais de maus-tratos, desidratação e insolação, mas não tinha indícios de ingestão de bebida alcoólica. À esquerda, menino de um ano que estava sendo vendido pela mãe. À direita, imagem ilustrativa de mamadeira
Arquivo pessoal e Reprodução/TV Morena
A mulher que tentou vender o próprio filho, de um ano, por R$ 1,2 mil na orla de Praia Grande, no litoral de São Paulo, carregava uma bolsa com fraldas e uma mamadeira com pinga. Conforme registrado em boletim de ocorrência (BO), o menino foi levado pela PM ao Pronto-socorro Central da cidade, onde um médico não encontrou indícios de ingestão de bebida alcoólica.
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O caso aconteceu na praia do bairro Ocian. De acordo com o BO, o menino foi entregue pela Polícia Militar ao Conselho Tutelar com sinais de maus-tratos, desidratação e insolação. A mãe, de 38 anos, aparentava estar alcoolizada e chegou a ser presa, mas acabou liberada após audiência de custódia.
O soldado da PM Raphael Freitas foi acionado junto com outro colega para atender a ocorrência. Ele contou ao g1 que a criança estava suja de areia. "Quando abrimos [a mamadeira], constatamos que havia pinga dentro. Lavamos o rosto da criança com água fornecida pelos turistas", explicou o agente.
Uma das testemunhas foi a advogada Glauce Abdalla, de 49 anos, que é presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araras (SP) e tem uma casa de veraneio em Praia Grande. O marido dela comprou uma nova mamadeira e leite para o menino, enquanto ela acompanhou a prisão da mãe. "Foi um caso bem marcante", destacou.
Advogada Glauce Abdalla (à esq.) e policiais militares, sendo um deles o PM Raphael Freitas (à dir.), ajudaram a resgatar a criança
Arquivo pessoal
Exame toxicológico
Como nenhuma testemunha viu a mulher oferecendo pinga para a criança, a Polícia Civil apreendeu a mamadeira com o líquido alcoólico. Também foi solicitado exame toxicológico para o menor, mas o resultado não foi divulgado pela corporação.
No PS Central, de acordo com o BO, o médico afirmou aos PMs que não identificou indícios de que o menino tenha ingerido bebida alcoólica. Por outro lado, o profissional de saúde confirmou que o menor estava com insolação e desidratação.
Relembre o caso
Ao g1, a advogada Glauce contou que estava com familiares na praia quando viu um tumulto ao redor de uma mulher que "chacoalhava" uma criança chorando. Ao se aproximar, ela foi informada por outras três mulheres de que a mãe tinha tentado vender o menino por R$ 1,2 mil. A quantia foi confirmada à equipe de reportagem pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
"Ela [mãe do menino] pediu um dinheiro, as mulheres falaram que não iam dar e ela ofereceu a criança: 'Olha, estou vendendo'. Uma das mulheres perguntaram: 'Quanto você quer?' [e ela respondeu:] '1.200 reais'", lembrou a advogada.
PM Raphael Freitas ficou com o menino, de um ano, em hospital de Praia Grande (SP)
Arquivo pessoal
Presa
Os policiais militares foram acionados e encontraram a mulher pedindo dinheiro e recolhendo latas de alumínio enquanto a criança estava suja e sozinha na areia da praia. "Quando percebeu a chegada da equipe, ela pegou a criança e, com muita agressividade, ofendia a equipe enquanto afirmava ter usado entorpecentes", afirmou o PM Freitas, que foi agredido pela mulher.
Com a ajuda de Glauce, os policiais convenceram a mãe de soltar o filho para ser algemada e levada à Central de Polícia Judiciária (CPJ) da cidade. De acordo com a SSP-SP, o caso foi registrado como maus-tratos e resistência, em 18 de novembro.
Ainda de acordo com o PM, o menino recebeu alta médica e foi levado pelas conselheiras tutelares para um abrigo. O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Liberada
Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) disse que a mulher passou por audiência de custódia em 19 de novembro e a prisão foi substituída por medidas protetivas.
De acordo com o TJ-SP, ela é obrigada a manter uma distância mínima de 300 metros do filho, sendo proibida de ter qualquer tipo de contato ou aproximação dele.
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