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Bicheiro Piruinha, filha e PM são julgados por morte de comerciante de carros

Motivação do crime foi uma dívida de R$ 500 mil, segundo denúncia do Ministério Público do Rio. José Caruzzo Escafura, o Piruinha, um dos chefes do jogo do bicho no Rio

Reprodução/Globoplay

O julgamento do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, nesta quinta-feira (25), começou com 2 horas de atraso. A sessão, que estava marcada para as 13h, teve início às 15h no 3º Tribunal do Júri, no Centro do Rio. Em prisão domiciliar, Piruinha participa por videoconferência.

O contraventor de 94 anos, a filha dele, Monalizza Neves Escafura, e o PM Jeckson Lima Pereira são réus pela morte do comerciante de carros Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, em julho de 2021, em Vila Valqueire, na Zona Oeste.

O policial é acusado de ser o executor, e Piruinha e a filha, mandantes do assassinato. Segundo o Ministério Público do Rio (MPRJ) a motivação do crime foi uma dívida de R$ 500 mil. A vítima é a filha de Piruinha eram sócios num empreendimento que não deu certo.

Segundo as investigações, Piruinha e Monalliza ordenaram diversos crimes contra o antigo colaborador — ameaça, extorsão, falsidade ideológica e esbulho (perda total da posse) — até resolverem matar a vítima.

Policial foi solto

Durante a última sessão, a Justiça deferiu o pedido de soltura de Jeckson. Uma perícia técnica constatou que o carro usado no crime não era o usado pelo pai do policial, como afirmava a investigação. Depois de 2 anos, ele ganhou liberdade provisória até que se conclua o processo.

Jeckson, desde então, cumpre medidas cautelares: não pode se ausentar da comarca nem se aproximar de testemunhas.

A defesa de Piruinha pediu a revogação da sua prisão preventiva, mas o magistrado negou.

“Um dos pilares da denúncia ruiu com uma perícia técnica. Por isso, vou me posicionar a favor da soltura do Jeckson. Em relação ao José Escafura, me posiciono contra sua soltura porque ele já teve a seu favor a prisão domiciliar e a retirada da tornozeleira. A saúde dele é da melhor forma possível”, destacou o promotor.

Quem é Piruinha

José Caruzzo Escafura, o Piruinha

Reprodução/TV Globo/Arquivo

Antes de ingressar no jogo do bicho, Escafura foi motorista de lotação, na década de 1950. Depois, passou a gerenciar as bancas da região da Piedade, Abolição e Inhaúma, região onde exerceu bastante influência no auge do jogo – e onde mora até hoje.

Desde a década de 1970, quando da divisão territorial do Rio entre os principais banqueiros de bicho da cidade, Piruinha controlava o jogo nas regiões de Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça.

Estava entre os 14 banqueiros presos e condenados pela juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal, em 1993, por formação de quadrilha ou bando armado. Piruinha e os outros bicheiros receberam a pena máxima de 6 anos de detenção.

Nesse mesmo processo, os bicheiros respondiam por tráfico de drogas e tortura. Mas, nas alegações finais do julgamento, o promotor pediu a exclusão desses crimes, por falta de provas.

A sentença, no entanto, foi modificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reduziu a pena para a metade. Por meio de recursos, advogados conseguiram excluir o crime de bando armado. Quase cinco anos depois, todos já estavam soltos.

Por não ser ligado a nenhuma escola de samba, como Castor de Andrade, por exemplo, não tinha muita visibilidade, mas nem por isso era considerado menos violento.

Paralelamente ao jogo, explorava outras atividades, como motéis em bairros da Zona Oeste.

O bicheiro também foi investigado por uma suposta ligação com uma quadrilha de abortos clandestinos.

Em junho de 2017, Haylton Carlos Gomes Escafura, filho de Piruinha, foi encontrado morto em um hotel na Barra da Tijuca, ao lado da mulher, a policial militar Franciene de Souza.

Para a polícia, o motivo da execução foi a disputa pelos pontos de venda de máquinas caça-níqueis.

Ele vinha tentando recuperar de territórios do jogo do bicho que tinham sido arrendados na região de Cascadura e Abolição.

Haylton chegou a ser condenado a 14 anos por envolvimento com o jogo do bicho.

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